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sexta-feira, março 29, 2024

59% dos brasileiros dizem não saber em quem votar ou vão anular o voto

O percentual é o maior das últimas cinco eleições, considerando as respostas espontâneas. Quando os eleitores são apresentados a uma lista de candidatos, 59% apontam uma opção, mas 73% desses admitem que podem mudar de opinião até outubro

A alta insatisfação com a corrupção e o descrédito com a classe política fazem com que a parcela dos eleitores com intenção de votar em branco ou nulo e a de indecisos seja a mais alta das últimas cinco eleições. Questionados de forma espontânea sobre o candidato que vai ganhar seu voto – sem apresentar uma lista de candidatos – 31% dos entrevistados disseram que vão votar em branco e 28% não souberam ou não quiseram responder à pergunta, o que indica indecisão. Quando apresentados a uma lista de candidatos, 59% apresentaram uma escolha, mas apenas 27% dizem que não vão mudar a opção por estarem convictos.

Para tomar a decisão, 84% dos eleitores vão se informar pela imprensa (TV, rádio, jornais e revistas e sites de notícias) e 26% vão utilizar as redes sociais – é possível apresentar mais de uma opção como fonte de informação. Mas só 5% dos brasileiros disseram que vão utilizar as redes sociais como única fonte de informação, segundo a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira – Eleições 2018, divulgada nesta quinta-feira (2/8) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e feita em parceria com o Ibope.

Jair Bolsonaro é o candidato com maior número de eleitores convictos de que não mudarão de voto, entre os quatro primeiros colocados na pesquisa, em cenário sem o ex-presidente Lula. Dos entrevistados que disseram que vão votar em Bolsonaro, 34% disseram que a decisão é definitiva e que não mudará de jeito nenhum. Os percentuais dos que estão convictos caem para 26% no caso de Ciro Gomes, 23% entre os eleitores de Geraldo Alckmin e 22% dos eleitores da Marina.

“O eleitor não encontrou aquele candidato que ele sonha. A decisão vai acontecer muito mais próxima da eleição que nas eleições anteriores. A gente percebe que a maioria dos eleitores não conhece os candidatos e suas propostas. Até entre os que já escolheram candidatos, ainda há alguma indecisão”, afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.

A pesquisa ouviu 2 mil pessoas entre os dias 21 e 24 de junho, em todo o país, e detalha informações por perfil do eleitor da pesquisa de intenção de votos divulgada em 28 de junho. A pesquisa apontou que em um cenário com Lula como candidato, o ex-presidente lidera com 33% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro (15%) e Marina (7%). Nesse caso, Ciro e Alckmin aparecem com 4% das intenções. Sem Lula na disputa, os melhores colocados são: Jair Bolsonaro (17%), Marina Silva (13%), Ciro Gomes (8%) e Geraldo Alckmin (6%).

ELEITOR DE LULA – As menções ao ex-presidente Lula são mais expressivas na região Nordeste (54%), além disso, ele se destaca em municípios com até 50 mil habitantes (40%) e no interior (37%). Suas citações aumentam conforme diminui a escolaridade e a renda familiar do eleitor. Os brasileiros que escolheram Lula estão, de um modo geral, mais insatisfeitos com a vida (40%) que aqueles que optaram pelos demais candidatos (34%).

Entre os eleitores que optaram por Lula, 55% escolhem um outro candidato quando seu nome não consta da lista de pré-candidatos à presidência da República, enquanto 36% passam a votar em branco ou nulo e 9% ficam indecisos.

Os pré-candidatos que mais se beneficiam da migração de votos do ex-presidente são Marina Silva, que fica com 16% dos que votariam em Lula, seguida de Ciro Gomes, que fica com 11%.
Fernando Haddad, que foi incluído na lista como candidato do PT alternativo ao ex-presidente, fica com apenas 3% dos votos. Dos eleitores de Lula, o nome de Bolsonaro é o mais rejeitado: 41% dos eleitores do ex-presidente afirmam que não votariam no deputado de jeito nenhum.

ELEITOR DE JAIR BOLSONARO – Os homens, os jovens, a população com mais anos de estudo e com renda mais elevada são os que têm maior preferência por Bolsonaro. Um em cada quatro homens brasileiros (24%) vão votar em Jair Bolsonaro, segundo a pesquisa CNI-Ibope, no cenário da pesquisa que não considera o ex-presidente Lula como candidato. O percentual de mulheres eleitoras do candidato do PSL é de 10% da população feminina. Entre os eleitores que possuem de 16 a 24 anos, 23% afirmam ter a intenção de votar em Bolsonaro, percentual que cai quanto maior a idade e chega a 11% entre aqueles com 55 anos ou mais.

O candidato pelo PSL também é mais citado conforme aumenta a escolaridade e a renda familiar dos eleitores. Entre os que possuem curso superior, 24% vão votar nele, percentual que cai para 9% entre os que têm até a 4ª série do ensino fundamental. Entre aqueles cuja renda familiar é de até um salário mínimo, 8% pretendem votar nele, percentual que cresce a 31% entre aqueles com renda familiar superior a cinco salários mínimos.

Dos brasileiros que vão votar em Bolsonaro, 47% gostam do candidato e das ideias dele. Outros 23% gostam do candidato, mas têm dúvidas com relação a algumas de suas ideias; 9% gostam dele, mas ainda não conhecem suas ideias; 5% gostam das ideias do candidato, apesar de não gostar dele pessoalmente.

ELEITOR DE MARINA SILVA – Além de ser a maior herdeira de votos do ex-presidente Lula, Marina é a candidata com maior percentual de intenção de votos entre os eleitores do Nordeste – 16% dos eleitores da região optam pela candidata, no cenário sem o ex-presidente. A intenção de voto na candidata também é mais elevada nas regiões Norte/Centro-Oeste – 17%. De cada 100 mulheres, 15 dizem que vão votar na candidata. Dos eleitores com renda familiar de até um salário mínimo, 13% votam em Marina e, dos que possuem até a quarta série do ensino fundamental, 13% escolhem a candidata.

Dos entrevistados que vão votar em Marina, 31% dizem que gostam dela e apoiam suas ideias. Outros 22% dizem que gostam da candidata, mas não conhecem suas ideias. Os que gostam da candidata, mas ainda têm dúvidas com relação a algumas de suas ideias somam 19%, mesmo percentual dos que apenas apoiam Marina por não gostarem dos demais candidatos.

Entre os candidatos com pelo menos 5% das intenções de voto no cenário sem o ex-presidente Lula, Marina é a que apresenta o maior percentual de prováveis eleitores que definiram sua escolha como “de momento” ou “preferência inicial” (56%). No entanto, entre os quatro candidatos melhor colocados na pesquisa, é a que apresenta menor índice de rejeição, empatada com Ciro Gomes (18%). Quando se apresenta a lista de candidatos aos eleitores que espontaneamente disseram estar indecisos, Marina é a que mais recebe votos – 15% dos indecisos disseram que optariam pela candidata. Em segundo lugar, aparece Bolsonaro, com 12%.

ELEITOR DE CIRO GOMES – O candidato apresenta o maior percentual de eleitores que afirmam ter a intenção de votar nele apenas por não gostar das demais opções (21%). Entre os outros candidatos melhor colocados, o percentual varia de 15% a 19%. Outros 37% dizem gostar de Ciro e de suas ideias; 18% dizem gostar dele, mas não conhecem suas ideias; 16% gostam dele, mas têm dúvidas quanto a algumas de suas ideias; e 5% gostam de suas ideias, mas não gostam dele.

De seus eleitores, 26% dizem que já tomaram a decisão e não vão mudar de jeito nenhum. Ele aparece empatado com Marina em nível de rejeição – 18% dos eleitores dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Dos eleitores que votariam em Lula como primeira opção, 11% dizem que votariam em Ciro, caso o ex-presidente não seja candidato, o que coloca Ciro como o segundo principal “herdeiro” dos votos de Lula, atrás apenas de Marina Silva (16%).

Ainda no cenário sem o ex-presidente, Ciro Gomes é relativamente mais citado pelos eleitores com 55 anos ou mais, onde atinge 11%. O candidato também é mais forte na região Nordeste, com 14% de intenção de votos. Nesta região, o candidato empata tecnicamente em primeiro lugar com Marina Silva, detentora de 16% das intenções de votos.

ELEITOR DE GERALDO ALCKMIN – O índice de rejeição do candidato é de 22%, abaixo de Bolsonaro e de Lula, mas acima de Ciro e Marina. Caso Lula não seja candidato, 5% dos votos que iriam para o ex-presidente passam para Alckmin. No cenário sem Lula, o candidato é mais forte na região Sudeste, onde obtém 8% das intenções de voto. O percentual, no entanto, é inferior ao de Bolsonaro e Marina na mesma região – 19% e 11%. Em todas as outras regiões do país, Alckmin aparece com 4% das intenções de voto. Dos que vão votar no candidato, 23% disseram que a decisão é definitiva.

Entre os quatro, Alckmin é o que tem a menor intenção de votos pelos eleitores mais jovens. Entre os entrevistados com idade entre 16 e 24 anos, 3% optam pelo ex-governador de São Paulo como candidato, enquanto nas outras faixas etárias a intenção de voto fica entre 6% e 7%. Os votos de Alckmin não apresentam diferenças significativas entre as faixas de renda dos eleitores nem entre os diferentes graus de instrução.

Dos entrevistados que escolheram o candidato, 39% dizem gostar dele e de suas ideias. Outros 20% gostam dele, mas têm dúvidas com relação a algumas de suas ideias; 17% gostam dele, mas ainda não conhecem suas ideias; e 17% o apoiam apenas porque não gostam dos outros candidatos. E 3% gostam das ideias, mas não gostam dele.

COMO OS ELEITORES VÃO SE INFORMAR – As fontes tradicionais de notícias (televisão, rádio e jornais e revistas impressas) são as mais utilizadas pelo eleitor na obtenção de informações sobre os candidatos e suas propostas: 71% utilizam pelo menos um desses meios de comunicação. E chega a 84% quando se soma a esse grupo os jornais e canais/portais de notícias na internet.

Redes sociais e blogs são utilizados como fonte de informação sobre os candidatos por 26% dos eleitores, mas apenas 5% utilizam as redes como fontes exclusivas. Dos que utilizam as redes sociais para se informar, mesmo que em conjunto com outros veículos, 25% confessam que raramente ou nunca verificam a veracidade das informações recebidas. Outros 46% sempre verificam e 29% verificam às vezes.

São apontados ainda como fonte de informação as conversas com parentes e amigos (10%), reuniões na igreja (3%), na associação de moradores (3%) e em sindicatos/associações profissionais (2%). Apenas 6% dos eleitores disseram que vão se informar sobre os candidatos pela propaganda eleitoral e propaganda de partidos políticos.

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