Nome do autor, tamanho da tela, cores e detalhes de uma pintura ou fotografia. Tudo descrito em áudio para incentivar a imaginação e ajudar a quem não pode ver, a ter contato com a arte. É assim, através da tecnologia da audiodescrição, que o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, pretende garantir a acessibilidade cultural a pessoas cegas e com baixa visão.
Implementada na Galeria do Largo, no Centro de Manaus, a audiodescrição consiste em um recurso, utilizado por um equipamento parecido com uma caneta, que torna acessível, através da narração, qualquer evento, vídeo ou produto cultural em que as imagens sejam relevantes para o entendimento e a interação com o conteúdo.
“Uma das determinações do governador José Melo é ampliar a acessibilidade para pessoas com deficiência em todas as áreas de atuação do Estado. Assim, além dos serviços de acessibilidade disponibilizados nos eventos, ampliamos para as nossas exposições, empenhando alguns dos recursos que já utilizamos em nossa Biblioteca Braille nas cinco últimas exposições realizadas na Galeria do Largo”, explicou Robério Braga, secretário de Cultura do Amazonas.
Há cinco exposições o trabalho de visitação especial para deficientes visuais está sendo realizada no espaço. “As exposições tem como objetivo incluir as pessoas com deficiência visual, que não podem vê-la, mas poderão ouvi-la, por meio do recurso da descrição. Os monitores do local são treinados para acompanhar os cegos e direcioná-los às obras com audiodescrição. O trabalho de visitação especial é profissional e é realizado pela Biblioteca Braile e supervisionado pela Assessoria de Inclusão da Pessoa com Deficiência, dentro da Biblioteca Braile”, declarou Sandra Praia, diretora da Galeria do Largo.
Artistas – De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 35,8 milhões de Brasileiros declaram-se com algum grau de deficiência visual. Destes, mais de 650 mil estão no Amazonas.
Com a exposição fotográfica “Olhar que te Olha”, a fotógrafa Dani Cruz foi uma das primeiras artistas a utilizar o recurso na galeria. Ela define a iniciativa de audiodescrição de seus painéis como “maravilhosa” e “de uma sensibilidade incrível”. Sem esconder a satisfação em ter suas fotos acessíveis a um público mais amplo, ela afirma: “A exposição irá atingir pessoas até então não pensadas pelos fotógrafos. Minhas fotos estavam expostas somente para quem pode ver. E agora estão disponíveis também a quem não enxerga ou enxerga pouco”.
A fotógrafa pretende disponibilizar a descrição em seus próximos trabalhos. “Quero no futuro criar também uma exposição que explore os relevos, as formas, as texturas e as sensações”, comenta.
Revolução no acesso
O universitário Rodrigo Valério, que é cego, define a audiodescrição como uma verdadeira “revolução no acesso à cultura”. Segundo ele, o recurso representa uma imensa possibilidade de inserção cultural. “É um importante instrumento na aquisição de conhecimento e na compreensão de determinadas coisas que antes eram muito difíceis”, afirma.
Ele diz que o recurso significa, para ele, oportunidade de acesso aos meios culturais – o que até hoje foi limitado em sua vida. “A audiodescrição me entusiasma, pois agora posso compreender e discutir filmes, teatro, arquitetura e exposições com mais apropriação e segurança”, relata.