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sexta-feira, março 29, 2024

Brasileiros endividados mantém trajetória de queda em fevereiro, mas inadimplência aumenta

Diminuiu pela segunda vez o percentual de famílias com dívidas ante o mês anterior, mas aumentou na comparação com o ano passado. O percentual que relatou não ter condições de pagar suas contas em atraso apresentou crescimento nas comparações mensal e anual.

O percentual de famílias que relataram ter dívidas (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro) alcançou 65,1% em fevereiro de 2020, com recuo em relação aos 65,3% observados em janeiro de 2020 e aos 65,6% registrados em dezembro de 2019. Houve alta, porém, em relação a fevereiro de 2019, quando o indicador alcançou 61,5% do total de famílias, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Nos indicadores de inadimplência, a proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso aumentou em fevereiro, na comparação com o mês imediatamente anterior, passando de 23,8% para 24,1%, e teve alta também na comparação com fevereiro de 2019, quando totalizava 23,1%. Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes apresentou ligeira alta na comparação mensal, passando de 9,6% em janeiro de 2020 para 9,7% do total em fevereiro. O indicador havia alcançado 9,2% em fevereiro de 2019.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que a tendência observada no endividamento geral das famílias configura uma perspectiva de aquecimento do consumo e observa que o aumento de alguns indicadores não deve ser visto, necessariamente, como negativo. “Embora tenha arrefecido nos últimos dois meses, o endividamento em alta está associado a condições mais favoráveis no mercado de crédito ao consumidor, impulsionado por fatores como a melhora recente do mercado de trabalho e a redução significativa das taxas de juros, o que permite a queda do custo do crédito”, disse.

O número de famílias endividadas apresentou tendências distintas entre as faixas de renda pesquisadas. Para as famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual de endividamento diminuiu para 66,0% em fevereiro de 2020 (em janeiro, foram observados 66,4%). Já para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de dívidas no último mês subiu de 60,9% para 61,1%.

“O endividamento está menor, mas a inadimplência acentuou neste mês de fevereiro, com maiores proporções de famílias com dívidas ou contas em atraso e também das que relatam não ter condições de pagar essas dívidas. A capacidade de pagamento é influenciada pela sazonalidade observada no primeiro trimestre, com gastos adicionais com impostos e taxas, matrícula e material escolar, além de reajustes de tarifas e serviços, o que implica um número maior de famílias que pode encontrar dificuldades para pagar as contas em dia nesse período.”, explica a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.

Novamente, o cartão de crédito foi apontado como o principal tipo de dívida por 78,6% das famílias endividadas, seguido por carnês (15,9%) e financiamento de veículos (10,7%). A ordem se repete para as famílias com renda de até dez salários mínimos, com o cartão de crédito sendo apontado por 79,1%, carnês por 16,6% e financiamento de carros por 8,9%. Para famílias com renda superior a dez salários mínimos, o cartão de crédito se mantém em primeira posição (76,9%), seguido por financiamento de veículos (19,1%) e financiamento de casa (16,9%).

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