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Confrontos no Quênia: Polícia de Choque e Manifestantes Se Enfrentam em Protestos Contra a Crise Econômica

Tumultos por todo o país levam a mortes e aumento da tensão social; situação permanece crítica.

Na terça-feira (2), a polícia de choque do Quênia usou gás lacrimogêneo e atacou manifestantes que atiravam pedras em Nairóbi e outras regiões do país, resultando em confrontos violentos que deixaram pelo menos 39 mortos desde a última semana. Os protestos, desencadeados pela crise econômica e o aumento de impostos, mostram a crescente insatisfação com o governo do presidente William Ruto, que enfrenta a maior crise de sua presidência em quase dois anos de mandato.

As manifestações, que inicialmente começaram de forma pacífica, tornaram-se mais violentas ao longo do dia, especialmente no centro comercial de Nairóbi. A polícia, equipada com capacetes, escudos e cassetetes de madeira, dispersou a multidão com bombas de gás lacrimogêneo, incendiando quiosques e causando ferimentos a vários manifestantes. Fora da capital, centenas de pessoas marcharam em Mombaça, exigindo a saída de Ruto, ao som de chifres de plástico e baterias.

Apesar de ter abandonado os planos de aumento de impostos que provocaram a agitação na semana passada, Ruto não conseguiu conter o movimento de protesto, que tem sido em grande parte organizado através das redes sociais e não possui líderes oficiais. “As pessoas estão morrendo nas ruas e a única coisa que ele consegue falar é sobre dinheiro. Nós não somos dinheiro. Nós somos pessoas. Somos seres humanos”, disse Milan Waudo, manifestante em Mombaça.

Violência e Mortes

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quênia (KNHCR) informou que desde 18 de junho, 39 pessoas morreram em confrontos com a polícia, a maioria no dia 25 de junho, quando agentes abriram fogo contra manifestantes perto do parlamento. Os protestos se espalharam por várias cidades, incluindo Kisumu, Nakuru, Kajiado, Migori, Mlolongo e Rongo, onde pneus foram queimados e a violência se intensificou.

Resposta do Governo

O presidente William Ruto, pressionado entre as demandas de credores internacionais e o aumento do custo de vida no país, orientou o Tesouro Nacional a cortar gastos para preencher a lacuna orçamentária e declarou que mais empréstimos serão necessários. Ruto defendeu a atuação da polícia e culpou “criminosos” por contaminar as manifestações, enquanto seu governo tem sido criticado por não tomar medidas efetivas contra a corrupção e a má gestão.

O ativista anticorrupção John Githongo expressou ceticismo quanto à disposição de Ruto em abordar as demandas dos manifestantes. “Não houve qualquer indicação pelo governo de que eles vão levar a sério os apelos para lidar com a corrupção”, disse Githongo.

Chamado à Paz

Enquanto isso, autoridades quenianas pediram calma e paciência. “É um belo dia para escolher o patriotismo. Um belo dia para escolher a paz, a ordem e a santidade de nossa nação”, declarou Gerald Bitok, diretor de comunicações da Casa de Estado. No entanto, as tensões permanecem altas, e a situação no país continua volátil.

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