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quinta-feira, março 28, 2024

Eduardo Sanovicz: “o avião é o meio de transporte mecânico mais seguro de todos”

O novo coronavírus causou uma crise sem precedentes em todo o mundo e prejuízos não só na saúde, mas em vários setores. Com a determinação dos órgãos oficiais da saúde de manter isolamento social para frear o contágio da doença, a aviação brasileira amargou queda no número de voos e na frota aérea.

Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o mês de abril foi tido como o “pior momento” para o setor. “Nós tivemos 8% de malha no ar. Uma redução, portanto, de 92%. É a pior crise na história da aviação desde 1945, período da Segunda Guerra Mundial”, lamenta o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

Eduardo ressalta, no entanto, que o setor foi um dos poucos que não parou completamente. Isso porque os aviões foram essenciais para o transporte de equipamentos e de profissionais que têm ajudado no combate à pandemia. “Se olharmos os países vizinhos, tudo parou. Nós ficamos de pé principalmente pela complexidade que é, de Brasília para cima, chegar com equipamentos, respiradores, exames, testes, remédios se não for de avião. Embora os passageiros tenham desaparecido, porque foram para casa corretamente se cuidar, era fundamental manter a carga no ar”, observa o presidente da Associação.

De abril para cá, tem sido registrado um crescimento lento e constante, de acordo com Sanovicz. Em agosto, 35% da frota estava no ar. “O setor já estava atendendo 61% dos aeroportos que atendíamos antes da crise, embora com número de voos ainda bastante reduzidos. Aeroportos que antes tinham sete ou oito voos hoje estão recebendo um, eventualmente dois voos, porque não há demanda para transportar”, pontua.

O presidente da Associação afirma, em entrevista exclusiva ao portal Brasil 61, que já vem sendo estudado um protocolo nacional junto às autoridades para que os voos sejam retomados com segurança, validada, inclusive, internacionalmente.

“O protocolo será o mesmo de Macapá (AP) até Porto Alegre (RS). E por que isso é importante? Digamos que um passageiro pegue um voo em Maringá (PR). De lá, ele vai até Guarulhos (SP) e troca de avião para ir até Madri, na Espanha. Ele só será autorizado a desembarcar em Madri se a autoridade sanitária espanhola estiver segura que, desde Maringá, o passageiro seguiu os protocolos corretamente”, exemplifica.

Eduardo Sanovicz reforça a importância de seguir as orientações dos comissários e dos profissionais do setor, que vêm sendo treinados para garantir uma viagem mais segura. “Em todos os voos, os comissários reafirmam a necessidade de embarcar com distanciamento, ficar de máscara o tempo todo, avisam sobre a suspensão do serviço de bordo e, principalmente, sobre a existência do filtro hepa, que puxa o ar de cima para baixo nas aeronaves o tempo todo, sendo o ar da aeronave trocado completamente a cada três minutos.”

Se todos estiverem usando máscaras e mesmo com um passageiro ao lado, segundo Sanovicz, o risco de contaminação é quase nulo, já que há essa renovação do ar pelo filtro hepa. “O filtro vai sugar o que eventualmente passar por sua máscara, o que faz do avião o meio de transporte mecânico mais seguro de todos. O filtro hepa é mais eficaz do que aquela de salas cirúrgicas”, assegura.

No bate-papo com o Brasil 61, Eduardo Sanovicz comenta também sobre a queda no número de viagens aéreas no interior do País e avalia como o encolhimento da arrecadação nesses lugares impactou o setor. “Quando se tem cidades em que corretamente as pessoas foram para casa, cessaram as atividades e o contato físico para preservar a vida, você tem uma demanda muito menor por voos. As pessoas estão em casa, estão preservando a saúde. Logo, não estão viajando. A queda no número de voos é consequência das atitudes tomadas pelas pessoas de se protegerem contra a crise”, avalia.

Em relação a esse ponto, ele critica a falta de uniformidade de um plano de retomada por parte do governo federal, especialmente para o setor. “Esse é um desafio. Como não há um plano nacional unificado de prevenção e combate à crise, você tem 27 programas diferentes, um em cada estado. Então, a evolução de cada um deles é diferente. Estamos atendendo à demanda na medida em que ela aparece”, avisa.

Ele alerta que a retomada da “normalidade” não deve ocorrer neste ano. “A nossa expectativa é de que, ao longo do ano que vem, provavelmente no segundo semestre, tenhamos o mercado doméstico praticamente recomposto. Para o mercado internacional, as melhores expectativas falam de mais três anos para retomá-los de maneira integral.”Fonte: Brasil 61

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