
Adneison Severiano – Do G1 AM
A socialite Marcelaine Santos Schumann, de 36 anos, prestou depoimento pela primeira vez à polícia, nesta quinta-feira (15). Segundo as investigações, a mulher encomendou a morte da universitária Denise Silva, baleada em novembro de 2014 em uma academia em Manaus, por desconfiar que a vítima tinha um caso com amante dela. Denise resistiu aos ferimentos. Segundo o delegado Paulo Martins, a socialite negou o crime. A defesa sustenta a versão de que ela não queria matar Denise, somente cobrar uma dívida.
Marcelaine chegou à unidade policial às 9h20 desta quinta-feira, sem algemas e acompanhada do advogado e de policiais civis. A defesa tentou cobrir o rosto da suspeita com um paletó no trajeto à delegacia, mas Marcelaine recusou e pediu um óculos escuro. A suspeita chegou sorrindo à delegacia. Ela se negou a falar sobre o caso à imprensa depois de chegar à DEHS.
O depoimento da suspeita durou cerca de três horas. O delegado Paulo Martins informou ao G1 que Marcelaine negou ter encomendado a morte de Denise. Ela confirmou, em depoimento, a nova versão divulgada pela defesa de que teria contratado o grupo suspeito de envolvimento na tentativa de assassinato apenas para cobrar uma dívida de R$ 40 mil de um empresário, apontado como amante da suspeita. Segundo a polícia, a socialite confirmou ter fornecido o empréstimo, mas negou manter caso amoroso com o homem.
Em imagens obtidas pela polícia, Marcelaine aparece visitando um dos suspeitos do crime em um hospital na capital. Sobre o encontro, ela declarou ter conhecido Charles “Mac Donald” Lopes Castelo Branco, de 27 anos, em um banco, onde ele era funcionário administrativo. O homem estava internado por problemas de saúde, e a socialite teria ido à unidade visitá-lo. Na ocasião, Charles Mac Donald teria relatado dificuldades financeiras e se ofereceu para fazer serviços de cobrança à socialite.
“Ela esclareceu várias dúvidas da polícia. Foi um depoimento considerado bom. Ele se calou em algumas perguntas, mas respondeu a maioria. Não surgiu nenhum novo envolvido e a presença do Ministério Publico encorajou ela a falar”, afirmou.
Apesar das declarações de Marcelaine, o inquérito seguirá a mesma linha de investigação, com suspeita de crime passional, segundo informou o delegado Paulo Martins. O promotor de Justiça Rogério Marques, que acompanhou o depoimento, informou ao G1 que deverá oferecer, na próxima semana, denúncia contra os envolvidos no caso.
A defesa da socialite pretende pedir revogação da prisão. “Não há motivos para ela ficar presa, já que a prisão foi baseada no fato de ser considerada foragida, embora a polícia soubesse que ela estava viajando. Ela se entregou à polícia”, disse o advogado José Bezerra.
Marcelaine está presa no Centro de Detenção Provisório Feminino (CDPF), localizado no km 8 da BR-174 (Manaus/Boa Vista) desde o dia 5 de janeiro. Ele foi detida depois de retornar dos Estados Unidos. Nesta quarta-feira (14), o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) autorizou a liberação da socialite para prestar depoimento na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), na Zona Leste da cidade. A liberação teve parecer favorável do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM).
De acordo com o delegado titular da DEHS, Paulo Martins, com o depoimento da socialite, a Polícia Civil deve concluir o inquérito policial que será enviado à Justiça do estado.
Investigações
Segundo as investigações da Delegacia de Homicídios, Marcelaine contratou um grupo de pessoas para matar ou aleijar Denise. Segundo a polícia, o crime teve motivação passional. Para a Polícia Civil, a socialite desconfiava que a vítima mantinha um relacionamento com um empresário, que era amante dela.
Ambas são casadas. O empresário também é casado. Em depoimento à polícia, o suposto pivô do crime confirmou que tinha um caso com Marcelaine e uma “amizade estreita” com a vítima.
No início desta semana, a defesa da socialite divulgou para a imprensa local uma nova versão para o crime. De acordo com o advogado, Marcelaine não encomendou a morte da suposta rival. Ela contratou o grupo suspeito de envolvimento na tentativa de assassinato apenas para cobrar uma dívida de R$ 40 de um empresário.
No dia seguinte às declarações da defesa, o delegado Paulo Martins contestou a nova versão em coletiva de imprensa. Ele afirmou que aguardava a decisão da Justiça para ouvir Marcelaine na Delegacia de Homicídios nesta quinta. Na ocasião, ao ser questionado pelo G1 sobre a prisão de uma sexta pessoa envolvida no caso, o delegado informou que o vigilante, que seria amigo de faculdade da socialite e teria contatado um outro envolvido no caso, foi indiciado. Segundo a polícia, o vigilante teria recusado uma proposta de R$ 6.500 por medo de cometer o crime.