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sexta-feira, março 29, 2024

Escola utiliza xadrez como ferramenta de aprendizagem

A iniciativa do projeto partiu do professor Bruno Castro, sendo desenvolvida na Escola Estadual Gentil Belém

Um xeque-mate da educação pode ser comemorado pela Escola Estadual Gentil Belém. Localizada no município de Parintins, a 369 quilômetros de Manaus, a unidade de ensino participou da última edição do Programa Ciência na Escola (PCE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), com um projeto que buscou fazer a interação entre o ensino da matemática e o xadrez

A iniciativa do projeto partiu do professor Bruno Castro, que buscou motivação em experiência vivenciada como monitor de pesquisa há alguns anos. Na época, o projeto, que contava também com o financiamento da Fapeam, previa o uso de um software específico como ferramenta para o ensino da Matemática. “Através dessa experiência, surgiu interesse em desenvolver um projeto para estimular a busca de informações, o raciocínio lógico e o desenvolvimento de habilidades para a melhoria do aprendizado, daí, foi idealizado o ‘Xadrez, formando vencedores’”, afirmou o professor, que atualmente está lotado na Escola Estadual Brandão de Amorim, no mesmo município.

O projeto, desenvolvido durante seis meses, contou com cinco alunos bolsistas, do 6º ao 9º ano. Eles atuaram nas pesquisas bibliográficas, com levantamento de material didático sobre xadrez, organização de peças e tabuleiros e ainda realizaram palestras, na escola e em outros locais, sobre o assunto, abordando desde o contexto histórico, curiosidades, regras e jogadas, e foram os primeiros a iniciarem a prática do esporte, influenciando dezenas de outros estudantes.

A partir de situações desafiadoras colocadas no tabuleiro, os alunos foram motivados a desenvolver estratégias e definir o caminho a seguir ou mais precisamente, a melhor jogada a realizar. Mas, para alcançar esse nível, eles antes realizaram diversas pesquisas em sites e livros especializados na modalidade. Em seguida, organizaram o material coletado, debateram as regras do jogo, aprenderam sobre posicionamento correto e movimento das peças no tabuleiro, movimentos particulares de cada peça, técnicas de abertura, finalizações rápidas, além de estratégias de ataque e defesa.

Um dos bolsistas, o aluno Aldrin Pontes conta que aceitou de imediato o convite para participar do projeto porque já tinha certa prática com a modalidade. Ele participou de todas as etapas, desde o planejamento até as apresentações dentro e fora da escola, e diz que o “Xadrez, formando vencedores” ajudou a mudar não somente a sua vida escolar, como também a de outros alunos. O menino diz que pretende continuar jogando e que o seu sonho é representar a escola na competição de xadrez dos Jogos Escolares Estudantis. “Espero orgulhar minha escola e meu município”, disse.

Concentração

Entretanto, os benefícios não ficaram somente no conhecimento adquirido sobre o jogo. Os alunos envolvidos aperfeiçoaram outras habilidades, entre as quais, o nível de concentração. Segundo o educador, a falta de concentração dos estudantes em sala de aula foi outro motivo que levou a idealizar o projeto, sobretudo porque esse fator pode acarretar uma reação em cadeia, levando ao desinteresse, indisciplina e problemas ainda mais graves.

Houve avanços ainda no que se refere às relações interpessoais tanto entre alunos, quanto alunos-professores e os demais profissionais de educação que atuam na unidade de ensino. “Trabalhamos valores, como respeito mútuo, e características no âmbito mais pessoal, como disciplina, controle da ansiedade e o aprender a perder e a ganhar”, frisou o coordenador do projeto, o qual esclareceu que esses aspectos foram avaliados a partir de aplicação de questionário junto aos docentes e servidores da unidade ensino.

Outra importante semente plantada pelo projeto foi a percepção de que as regras do jogo podem ser aplicadas na vida cotidiana. “O xadrez nos ensina a relacionar os movimentos com suas respectivas consequências e isso serve para a nossa vida, na medida em que cada movimento ou algo que fazemos tem suas consequências”, analisa a aluna Amanda Oliveira.

Para o educador, cabe à escola adotar mecanismos que possam atrair, envolver, inspirar e motivar os alunos, portanto, o “Xadrez, formando vencedores” conseguiu alcançar esse objetivo, com impacto positivo não só na Matemática, mas também em outras disciplinas, assim como contribuiu para o aperfeiçoamento do raciocínio lógico. “Só o fato de utilizarmos um esporte como ferramenta para o aprendizado, levando os alunos a se familiarizarem com uma prática desportiva, já foi uma conquista, porém, conseguimos obter benefícios muito além do que se esperava”, destacou o professor, ressaltando ainda que o projeto significou “um aprendizado para a vida”.

Sobre o Xadrez – De origem controversa, a versão mais difundida é de que o jogo teria surgido na Índia. Considerado um esporte por alguns, uma arte por outros e ainda uma verdadeira ciência por muitos, o xadrez é um jogodisputado em um tabuleiro de casas claras e escuras. Cada enxadrista (como são chamados os jogadores) devem controlar 16 peças com diferentes formatos e características, sendo que o maior objetivo é dar xeque-mate no rei adversário. Apartida mais demorada de xadrez já registrada durou 24 horas e 30 minutos, tendo ocorrido em 1980.

FOTO: DIVULGAÇÃO/FAPEAM

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