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quinta-feira, abril 18, 2024

Hidrelétricas na Amazônia: um mau negócio para o Brasil e para o mundo

Relatório do Greenpeace mostra por que as hidrelétricas na Amazônia não são uma solução de energia limpa e traz cenários alternativos à usina de São Luiz do Tapajós a partir de fontes como eólica, solar e biomassa

ão Paulo, 13 de abril de 2016 – A construção de grandes hidrelétricas na Amazônia tem sido apresentada como indispensável para garantir o crescimento do país. No entanto, exemplos recentes de instalação dessas usinas na maior floresta tropical do mundo estão mostrando que, na realidade, elas não passam de uma falsa solução – e estão longe de ser limpas ou sustentáveis.

Atropelamento de direitos humanos, impactos profundos na biodiversidade e nas comunidades tradicionais, violação de leis e acordos internacionais e denúncias de corrupção generalizada (como se viu a partir de depoimentos da Operação Lava Jato sobre a usina de Belo Monte, no Rio Xingu) são alguns exemplos que têm caracterizado a construção de hidrelétricas na região.

Além de todos esses problemas, as usinas instaladas em áreas de floresta tropical emitem quantidades consideráveis ​​de gases de efeito estufa – dióxido de carbono e metano – como resultado da degradação da vegetação alagada e do solo. Com todos esses impactos na balança, é impossível classificar as hidrelétricas como energia limpa.

Em busca de verdadeiras soluções , o Greenpeace Brasil lança nesta quarta-feira, 13 de abril, o relatório “Hidrelétricas na Amazônia: um mau negócio para o Brasil e para o mundo”, que apresenta cenários de geração de eletricidade utilizando fontes renováveis mais limpas e menos prejudiciais, como a combinação de eólica, solar e biomassa. Esses cenários mostram que, aliando investimento nessas fontes e medidas de eficiência energética, é possível garantir a energia que o Brasil precisa sem destruir a Amazônia.
Utilizando como exemplo a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, cuja capacidade instalada é de 8.040 MW, com uma média de energia firme esperada de 4.012 MW, é possível que uma combinação dessas novas fontes renováveis gere a mesma quantidade de energia firme prevista (4.012 MW) em um mesmo período de tempo e com um patamar similar de investimento, caso o nível atual de contratação dessas fontes por meio dos leilões aumentasse em 50%.

Cenários de fontes renováveis para substituir o projeto da hidrelétrica de São Luiz do TapajósTabela.png
Tabela mostra a combinação de energias renováveis capazes de substituir hidrelétrica no Tapajós.

São Luiz do Tapajós – Prevista para ser construída no rio Tapajós, em uma área que abrange o território ancestral do povo indígena Munduruku, ela será a maior usina prevista para a Amazônia depois de Belo Monte, no Xingu. Se construída, irá alagar 376 km² de floresta em uma região classificada por especialistas como de biodiversidade excepcional até para padrões amazônicos. “A aposta em novas hidrelétricas na Amazônia tem causado enorme destruição e se mostrado um erro desastroso para o país e para o mundo”, afirma Danicley de Aguiar, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.

Empresas internacionais de olho na Amazônia – Hoje ativistas do Greenpeace na Alemanha estiveram na sede da Siemens em Munique para informar os executivos e trabalhadores a respeito dos potenciais problemas envolvidos na construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. A Siemens é uma das empresas que poderá participar do projeto fornecendo tecnologia para a geração e transmissão de energia. Por meio da Voith Hydro, a empresa já esteve envolvida em outros projetos danosos, como o de Belo Monte, marcado por violações aos direitos humanos e cercado por escândalos de corrupção. “A Siemens está próxima a se envolver em um novo projeto que vai causar ainda mais destruição no coração da Amazônia. Em vez de contribuir com isso, tanto ela como as outras empresas interessadas deveriam ajudar o Brasil a desenvolver um futuro de energia verdadeiramente limpa”, afirma Aguiar. “Já o governo brasileiro deve cancelar seus planos para novas hidrelétricas na Amazônia e investir nas energias verdadeiramente limpas”, completa ele.

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