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sexta-feira, março 29, 2024

Indústria impulsiona setor produtivo e gera emprego e renda no Brasil

Ferramenta interativa Perfil da Indústria Brasileira reúne dados que mostram o peso do setor na economia brasileira. Indústria responde por 21,6% do PIB, 70,8% das exportações de bens e serviços e 67,4% da pesquisa e desenvolvimento do setor privado

Em meio à crise econômica vivida pelo Brasil ao longo dos últimos anos, a indústria é o setor que mais sofreu, o que acirrou sua perda de participação no Produto Interno Bruto (PIB). Ainda assim, a indústria mantém um papel crucial no desenvolvimento da atividade econômica. Responsável por uma parcela de 21,6% do PIB, o setor tem peso bem mais expressivo na balança comercial, nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, na geração de empregos e na arrecadação tributária brasileira.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, ressalta que, atualmente, como em outras épocas, o setor industrial tem importância crucial para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do Brasil.

“A indústria desempenha um papel estratégico na dinamização de todo o setor produtivo brasileiro, como ofertante e demandante de tecnologias e como a principal geradora de inovação para os demais segmentos da economia”, afirma o presidente da CNI.

Ele cita como exemplo a agregação de valor que a indústria proporciona à agricultura e os serviços de alto valor agregado demandados pelo setor. “Isso significa que tanto uma agricultura competitiva quanto um setor de serviços sofisticado, com atividades de alto valor agregado, dependem de uma indústria forte e moderna operando no país”, acrescenta Robson Andrade.

EFEITO MULTIPLICADOR – O gerente-executivo de competitividade da CNI, Renato da Fonseca, explica que um dos principais determinantes da importância da indústria para a economia brasileira é o seu efeito multiplicador.

Conforme ilustrado na ferramenta interativa Perfil da Indústria Brasileira, um aumento de R$ 1,00 na produção industrial se multiplica pela produção da própria indústria e dos demais setores da economia, resultando em uma aumento adicional de R$ 1,40, ou seja, totalizando uma aumento de R$2,40 no PIB. Na agropecuária, esse efeito final sobre o PIB seria de R$ 1,66 e, em serviços, de R$ 1,49. Os dados também constam de nota econômica divulgada pela CNI nesta segunda-feira (15).

Segundo Fonseca, “esse movimento é consequência do maior encadeamento da Indústria com os diferentes setores industriais e com a agropecuária e os serviços, o que gera um efeito cascata de aumento da produção nos fornecedores de produtos e serviços para a indústria.”

A indústria desempenha um papel estratégico na dinamização de todo o setor produtivo brasileiro, como ofertante e demandante de tecnologias e como a principal geradora de inovação para os demais segmentos da economia. É na indústria que são desenvolvidas e produzidas novas e melhores variedades de sementes, defensivos mais eficazes e seguros, além das modernas máquinas que fazem da agricultura brasileira uma das mais competitivas do mundo. É também na indústria que se agrega valor à produção agrícola, transformando-a em novos produtos, inclusive com o emprego de biotecnologia e nanotecnologia, a construção de estruturas e novos materiais em escala atômica e molecular.

“O setor industrial brasileiro viabiliza, como demandante, o desenvolvimento de serviços de alto valor agregado, entre eles pesquisa, design, logística e marketing, para citar alguns. Isso significa que tanto uma agricultura competitiva quanto um setor de comércio e serviços sofisticado, com atividades de alto valor agregado, dependem de uma indústria forte e moderna operando no país”, afirma.

BALANÇA COMERCIAL E ARRECADAÇÃO – Ele enfatiza que, apesar do processo de desindustrialização vivido nos últimos anos, com queda da participação da indústria sobre o PIB brasileiro, o setor responde por 70,8% das exportações de bens e serviços do Brasil. O setor agropecuário responde por 16,1% e os serviços, por 12,5%.

Os resultados não se restringem à balança comercial. Do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento (P&D), 67% é realizado pela indústria, com impacto na produtividade de todos os setores da economia. Mais de 90% desse investimento da indústria vem do segmento da indústria de transformação.

Os números mostram, ainda, que a indústria brasileira responde por 34,2% dos tributos federais, um percentual 58% maior que sua participação no PIB. A indústria é a atividade econômica que mais contribui com tributos federais em relação ao valor que produz. O peso relativo é ainda maior na indústria de transformação. Este segmento da indústria contribui com 11,3% do PIB, mas responde por 26,5% da arrecadação de tributos federais, mais que o dobro da sua contribuição para a produção.

MELHORES SALÁRIOS – Os dados mostram também que os empregos gerados na indústria são de melhor qualidade e remuneração. A indústria emprega 9,4 milhões de brasileiros formalmente — o que representa 20,3% dos empregos formais no país – e paga melhores salários. O salário de um trabalhador com o ensino médio completo é de R$ 2.073, no Brasil. Na indústria, ele recebe R$ 2.359, em média. Quem possui o ensino superior tem salário médio de R$ 5.676. Na indústria, esse trabalhador com maior qualificação recebe, em média, R$ 7.734.

REFORMAS ESTRUTURAIS – Levantamento da CNI mostra que, após praticamente dobrar entre 1947 e 1985, a participação da indústria no PIB iniciou uma tendência de queda, que prevalece até hoje. Em 1985, o país registrou a máxima histórica de participação da indústria na produção, de 48,0%. A partir desse ano, a participação da indústria no PIB se reduziu sucessivamente até atingir o atual patamar de 21,6% do PIB.

Na avaliação da CNI, a reversão da perda de participação da indústria na produção, que é em parte resultado da perda de competitividade da indústria brasileira, depende tanto do governo como das empresas. De um lado, as empresas precisam aumentar o investimento, sobretudo em inovação, bem como implementar melhorias de gestão. De outro, o governo precisa atuar nos determinantes sistêmicos da competitividade, ou seja, na eliminação do Custo Brasil.

Dentro dessa agenda, a CNI entende que a recuperação da economia exige uma ação coordenada dos Três Poderes para aprovar as reformas que criarão as condições para o crescimento sustentado da economia. Nessa linha, a reforma mais urgente, no entendimento da CNI, é a da Previdência. A confederação avalia que essa reforma, além de garantir o pagamento de benefícios a milhões de aposentados no futuro, é uma medida inadiável para que o Brasil volte a crescer.

Outra reforma que deve ser prioridade do Congresso Nacional é a tributária. O sistema tributário brasileiro precisa se aproximar do padrão adotado pela maioria dos países desenvolvidos, tendo como objetivos a simplificação, a desburocratização e eliminação da cumulatividade de impostos.

“Precisamos promover uma revolução no ambiente de negócios, nas regras e no modelo mental que orientam o tratamento ao empreendedor. Esse é um desafio do Congresso, do Executivo, do Judiciário e de toda a sociedade”, afirma.

NÚMEROS DA INDÚSTRIA

Apesar de representar 21,6% do PIB do país, a indústria brasileira é responsável por:

* 70,8% das exportações, considerando bens e serviços;

* 67% dos gastos em pesquisa e desenvolvimento feitos pela iniciativa privada;

* 34,2% da arrecadação de tributos federais (exceto receitas previdenciárias);

* 28,7% da arrecadação previdenciária;

* Na indústria, cada R$ 1 produzido gera outros R$ 1,40. Na agricultura, esse efeito é de R$ 0,66 e, em serviços, de R$ 0,49;

* O salário de um trabalhador com o ensino médio completo é de R$ 2.073. Na indústria, ele recebe R$ 2.359. Quem possui o ensino superior tem salário médio de R$ 5.676. Na indústria, esse trabalhador com maior qualificação recebe R$ 7.734.

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