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quinta-feira, março 28, 2024

Infectologista esclarece dúvidas sobre a microcefalia

Novembro de 2015. O Governo Federal declarou estado de emergência em saúde pública no país devido ao grande número de casos de microcefalia no Nordeste. No primeiro ano da emergência, desde o início de novembro de 2015 até o fim de 2016, o Brasil teve 2.205 casos confirmados de bebês afetados, de um total de mais de dez mil notificações de suspeitas. Além disso, 259 mortes de fetos e recém-nascidos tiveram a confirmação de relação com o vírus nesse período. E o responsável por isso tudo é o mosquito transmissor da Zika. Esse novo vírus pode infectar gestantes e fazer com que os bebês nasçam com microcefalia. Quem vai falar sobre o assunto é a infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Doutora Melissa Falcão. Doutora Melissa, o que é a microcefalia?

“Microcefalia é quando a cabeça da criança nasce menor do que deveria ser. Então, o tamanho da cabeça é pequeno em relação ao tamanho do corpo, em relação à idade da criança.”

Doutora Melissa, o aumento do número de casos de microcefalia no ano de 2015 foi causado pelo Zika vírus?

“Sim. Hoje a gente já tem uma confirmação de que a Zika foi a causa do grande número de casos de microcefalia que aconteceram no Brasil. E depois, em outros países também. Então, não só a Zika pode causar microcefalia, como outras doenças congênitas também, transmitidas da mãe para o filho, como a herpes. Mas no caso do Brasil, aquele grande número de casos, foi a Zika a grande responsável.”

Doutora, a microcefalia pode deixar sequelas ou levar a óbito?

“Sim. Algumas crianças com microcefalia podem vir a falecer. E elas podem também ter sequelas. O maior problema da microcefalia é que, dependendo do tamanho da cabeça da criança, a sequela vai ser maior. Então a criança pode ter dificuldades de falar, dificuldades de andar. Mas isso tudo pode ser estimulado por meio de fisioterapia, de acompanhamento com especialista em fala, para que a criança vá se desenvolvendo.”

Agora uma pergunta de interesse dos futuros papais e mamães. Como é feito o diagnóstico da microcefalia?

“O diagnóstico de microcefalia é feito por meio da medida do perímetro cefálico, que é a medida do tamanho da cabeça da criança.”

Doutora Melissa, existe tratamento para a microcefalia?

“Não existe tratamento para reverter o quadro de microcefalia. O que se tem é tratamento para estimular aquela criança para que ela tenha o melhor desenvolvimento possível, com ajuda de fisioterapeutas e fonoaudiólogos, que são especialistas que cuidam do movimento corporal e da fala.”

Tem algum período da gestação que oferece mais risco?

“Quanto mais cedo na gravidez a gestante tem a Zika, maior o risco da criança nascer com problema, porque o início da gravidez é a fase que a criança está se formando com mais rapidez, que as células se multiplicam com mais rapidez. É nessa fase que a doença age com mais intensidade. Então, no primeiro trimestre, início do segundo trimestre, os primeiros três meses, até o quinto mês, mais ou menos, é a chance de maior alteração na criança. Depois disso, também pode haver, mas o risco é menor.”

Doutora, para finalizar, existe cura para a microcefalia?

“Não. A microcefalia não tem cura. A criança nasce com microcefalia e vai permanecer durante toda a vida com a microcefalia.”

Em maio deste ano, o Ministério da Saúde declarou o fim da emergência em saúde pública por Zika vírus e microcefalia. Mesmo com a redução dos números, o combate ao mosquito tem de continuar. Você tem que participar. E lembre-se de que um mosquito pode prejudicar uma vida. O combate começa por você. Para mais informações sobre o assunto, acesse saude.gov.br/combateaedes.

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