FGV DAPP analisou atores situados à esquerda do espectro político e o debate sobre o eventual “plano B” do PT num momento em que aproxima-se a definição das candidaturas presidenciais
Nova edição do “DAPP Report – A semana nas redes” mostra que o debate sobre atores políticos na primeira semana de março teve como principais destaques a rejeição ao habeas corpus preventivo para o ex-presidente Lula e a filiação do deputado Jair Bolsonaro ao PSL, sigla pela qual se candidatará à Presidência. No Twitter, a decisão do STJ sobre Lula motivou o maior pico (209 mil tuítes), em uma semana marcada pela estabilidade do cenário, de acordo com o monitoramento feito pela FGV DAPP. Já no Facebook, o evento de filiação de Jair Bolsonaro ao PSL gerou um aumento expressivo de menções ao deputado, refletindo o impacto de sua candidatura. Para além desses dois atores, merecem destaque o senador Álvaro Dias, que mantém de forma constante um volume significativo de engajamento no Facebook, e os pré-candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB).
Com conclusão do julgamento, no STJ, do pedido de habeas corpus preventivo solicitado pelo ex-presidente Lula — e negado pela corte —, aproxima-se a definição das candidaturas presidenciais situadas à esquerda do espectro político e o debate sobre o eventual “plano B” do PT para substituir Lula. Nesse sentido, a FGV DAPP analisou, desde a última quinta-feira, 1º de março, até as 12h de quarta (07), o debate via Twitter sobre cinco candidaturas — Lula, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Boulos e Manuela —, além dos dois principais nomes do PT mencionados para o lugar de Lula, Fernando Haddad e Jaques Wagner. No período, foram identificados 518,8 mil tuítes, sendo Lula mencionado em 441,7 mil tuítes (85% da discussão).
No período, Ciro aparece em 10,8 mil postagens, o equivalente a 2% da discussão; Boulos, potencializado pelo lançamento da candidatura em São Paulo, em 15 mil tuítes (3%), Manuela é citada em 13,4 mil posts (2,5%) e Marina em apenas 5,2 mil publicações (1%). Já Haddad é destacado em 9,8 mil tuítes e Wagner, já sem o expressivo efeito da denúncia de corrupção sofrida no fim de fevereiro, em 9,7 mil publicações.
Ou seja, Lula e o PT ainda preservam amplo predomínio de participação no debate, sem que as demais candidaturas da esquerda tenham conseguido, até o momento, ocupar o espaço capitaneado pela militância, os blogs e as lideranças políticas do partido, que se engajam em defesa do ex-presidente. Por ora, os demais atores ainda orbitam em volta da rede petista e também são pouco citados pela direita, que concentra foco sobre a candidatura do PT.
Na economia, a bolsa de valores não parece, neste momento, ter sido significativamente afetada pelo que ocorre com o ex-presidente. Na última semana, o mercado tem reagido a fatores como a conjuntura internacional, em especial à sinalização do governo americano de adotar tarifas de importações e ao desempenho das ações da BRF.