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sexta-feira, março 29, 2024

Maior derrotado das eleições, PT deve diminuir ainda mais nos próximos anos, diz cientista político

Escândalos de corrupção, como o Petrolão, políticos presos e investigados pela operação Lava Jato e o desgaste por conta do processo de Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foram cruciais para a maior derrota eleitoral do Partido dos Trabalhadores desde que assumiu o comando do país, pela primeira vez, com Lula, em 2003. A análise é do cientista político e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer.

Disputado neste domingo (3), o primeiro turno das eleições municipais para prefeito e vereador produziu um resultado que pode ser chamado de desastroso para o PT. O partido que, em 2012, saiu do pleito eleitoral com 11 por cento das prefeituras brasileiras, governando 630 cidades, viu esse número cair para 256 municípios, o que representa menos de cinco por cento das cidades brasileiras. Para David Fleischer, não resta dúvidas de que o desgaste sofrido pelo partido nos últimos anos foi fundamental para a derrocada eleitoral, neste domingo.
“O envolvimento do partido, do PT, no ‘Petrolão’, na Lava jato. Outros partidos também foram envolvidos, mas o PT era o que tinha mais destaque, mais gente presa em Curitiba e mais gente com acusações no Supremo. Então isso repercutiu muito na mídia e muitos eleitores ficaram antipatizados com o PT. O impacto em cima do PT foi muito forte”.

Para David Fleischer, o desempenho alcançado pelo partido nesta corrida eleitoral, pode ser um prenúncio de um futuro ainda mais “sombrio”.
“Nós temos uma regra no Brasil; O partido que elege menos prefeitos, dois anos depois vai eleger menos deputados e o partido que eleger mais prefeitos na eleição anterior, dois anos depois vai eleger mais deputados. Isso quer dizer que em 2018 o PT vai ser reduzido a mais da metade da sua bancada federal. Talvez 25 deputados. Então, isso é um prenuncio muito sombrio para o PT”.

Há quatro anos, o PT obtinha o terceiro maior número de prefeituras entre os partidos brasileiros. Agora a legenda ocupa apenas o décimo lugar, entre todas as legendas. Em 2012, o PSDB já tinha mais prefeituras que o PT e, neste ano, os tucanos conseguiram aumentar sua participação em 15,3 por cento, alcançando 791 municípios e assim mantendo-se como o segundo maior partido em número de prefeituras, atrás apenas do PMDB, com 1015 cidades.

Para Fleischer, o crescimento do PSDB em comparação com a derrota do PT pode representar uma movimentação do eleitorado brasileiro, deixando a esquerda e indo para o centro e para a centro direita.

“O PSDB foi o que mais aumentou o número de suas prefeituras e você pode chamar o PSDB, talvez, de centro ou de centro-direta. Mas o grande vitorioso, realmente você pode comparar com o grande derrotado que foi o PT, o grande vitorioso foi o PSDB”.

Para David Fleischer, caso o PT não se recupere nas próximas eleições, os políticos da sigla podem deixar o partido ou mesmo refunda-lo com outro nome.

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