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O impacto do uso excessivo de smartphones no desenvolvimento infantil

Rio de Janeiro - Uso de redes sociais para navegação na internet em telefones celulares do tipo smartphone para comunicação. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O uso excessivo de smartphones entre crianças está afetando negativamente o desenvolvimento cognitivo e comportamental. Enquanto esses dispositivos podem facilitar a aprendizagem em contextos específicos, seu uso predominante para fins recreativos, como redes sociais e jogos, está prejudicando a aquisição de habilidades essenciais.

Impacto no desenvolvimento linguístico e comportamental

Rosina Fransisca J. Lekawael (2017) demonstrou que, embora smartphones possam ser úteis para a aprendizagem da língua inglesa, a maioria das crianças os utiliza principalmente para acessar redes sociais e jogos. Esse comportamento compromete o desenvolvimento de habilidades linguísticas e desvia a atenção das atividades acadêmicas essenciais para um aprendizado eficaz.

Yulia Rachmawati Hasanah e Alwin Widhiyanto (2023) descobriram uma forte correlação entre padrões parentais permissivos e o uso excessivo de smartphones por crianças de 4 a 5 anos. A falta de restrição e acompanhamento pelos pais amplifica os efeitos negativos, resultando em comportamentos desajustados e dificuldades de atenção.

Consequências durante a pandemia de COVID-19

Durante a pandemia de COVID-19, Tri Yuni Hendrowati e Miftachul Huda (2022) destacaram que o uso contínuo de smartphones teve impactos negativos significativos no comportamento das crianças. Elas passaram a depender dos dispositivos não apenas para aprendizagem, mas também para entretenimento, resultando em aumento de comportamentos problemáticos e diminuição da interação social e física. Esse uso excessivo pode levar a alterações na morfologia cerebral, aumentando a predisposição para distúrbios de ansiedade e dificuldades de foco, muitas vezes confundidos com TDAH.

A internet está tornando as pessoas menos inteligentes

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues (2018) argumenta que a internet está tornando as pessoas menos inteligentes. As crianças enfrentam dificuldades em tarefas básicas como leitura ou pesquisa, sendo viciadas no mundo online que garante uma alta dose de dopamina a cada clique. Esse ciclo vicioso gera mais ansiedade e cansaço, prejudicando a atenção e a memorização, essenciais para a aquisição de conhecimento.

Interações pai-filho e desenvolvimento emocional

Uma revisão sistemática realizada por Aleksandra Novakov Mikic e Annette M. Klein (2022) revelou que o uso de dispositivos digitais pelos pais na presença de crianças pequenas afeta negativamente a qualidade da interação pai-filho, prejudicando o desenvolvimento afetivo e cognitivo das crianças. Esses resultados indicam a necessidade urgente de estratégias educativas que minimizem o tempo de tela e incentivem atividades mais interativas e físicas.

Debate e conclusão

O uso excessivo de dispositivos móveis e a falta de regulamentação institucional são grandes desafios atuais, impactando significativamente o desenvolvimento cerebral, especialmente em crianças e adolescentes. Proibir celulares em escolas é crucial, pois o uso descontrolado desses dispositivos interfere na neuroplasticidade, essencial para o aprendizado e amadurecimento cerebral.

“As redes sociais, com suas recompensas imediatas e conteúdo superficial, sobreestimulam o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina em excesso. Essa sobreestimulação compromete o córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas como atenção, planejamento e controle de impulsos. O resultado é um ciclo vicioso de busca por gratificação instantânea, prejudicando a capacidade de concentração e o aprendizado profundo,” alerta o neurocientista.

Em longo prazo, esse uso descontrolado pode levar a alterações na morfologia cerebral, como a redução da massa cinzenta em áreas cruciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional. A solução para um futuro promissor reside em resgatar hábitos do passado, incentivando atividades ao ar livre, contato com a natureza e interações sociais saudáveis, que estimulam a produção de serotonina e outros neurotransmissores essenciais para o bem-estar e a saúde mental, finaliza o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues.

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