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sexta-feira, março 29, 2024

Parceria entre UEA e Acnur leva ensino de Língua Portuguesa a imigrantes

Cerca de 60 imigrantes, de 5 a 60 anos, estão ativos nos módulos iniciante e intermediário

A sala de aula, um espaço de troca e aprendizado, faz parte da realidade de imigrantes refugiados em Manaus, que semanalmente se encontram com professores e alunos do curso de Letras da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) para aprenderem a Língua Portuguesa, motivados na busca pela qualificação profissional e pela compreensão das dinâmicas socioculturais do Brasil.

O projeto Português para Estrangeiros Imigrantes, desenvolvido pelas professoras Maristela Silva e Aline Neves e executado através da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UEA (Proex/UEA), em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), é composto por aulas de português como segundo idioma em três centros para refugiados. Cerca de 60 imigrantes, de 5 a 60 anos, estão ativos nos módulos iniciante e intermediário desde março de 2019.

Em cada sala, dois alunos, um bolsista e um voluntário, além de dois professores de Letras, orientados pela coordenação do curso, ministram as aulas, conforme informou Maristela. “Esse projeto foi solicitado no ano passado pela Acnur, que é uma agência da ONU para refugiados, e começamos três turmas em março dentro de abrigos que são parceiros da Acnur. Damos uma aula por semana para cada turma, em três lugares diferentes, na quinta, na sexta e no sábado”, explanou.

Atuação dos alunos no projeto – A experiência pedagógica proporcionada pelo projeto levou a estudante Vivian Nunes, 21, a atuar como professora no Centro Social de Apoio aos Refugiados, localizado no Centro de Manaus. “A questão social é muito importante e é o ponto mais positivo desse projeto. A sensação de poder ajudar o outro nessa situação, que ainda é muito discriminada no Brasil e na cidade, é uma troca de experiência muita positiva e de conhecer um pouco a experiência deles tanto na Venezuela quanto no Brasil”, partilhou a aluna.

Também atuando no projeto, o estudante Murilo Barbosa, 27, utiliza sua facilidade com idiomas para ensinar aos refugiados as especificidades da língua portuguesa. “Os alunos prestam atenção em tudo, anotam tudo no caderno e depois nos fazem perguntas que nós nem imaginávamos que pudessem fazer. Por exemplo, um aluno perguntou sobre pronúncia, porque ele percebeu que em português temos letras que têm mais de um som. Estou gostando bastante de ensinar a eles, porque muitas vezes não percebemos que, enquanto estamos ensinando, também estamos aprendendo junto”, disse Murilo.

“Como o primeiro momento do projeto não era focado em refugiados, mas imigrantes em geral, eu pensei muito nessa parte social, e não só na ajuda que íamos dar para a comunidade. Não como está sendo agora, que está totalmente diferente, aqui tem o envolvimento da Acnur”, contou a aluna Milena Silva, que atua no Clube das Mães, no bairro de Aparecida, que abriga refugiados.

Segundo ela, essa vivência tem sido um momento de decisão na carreira dela. “Já tive esse tipo de experiência, mas eu dava aula de redação para adolescentes, e nesse projeto nós temos alunos de diversos níveis escolares. Tivemos bastante ajuda das orientadoras para saber como lidar com essa questão. Temos embasamento em teorias de ensino para ajudar nessa tarefa, e temos reuniões, que também servem como feedback e uma orientação de como devemos prosseguir diante das dificuldades”, complementou.

Acnur e UEA – A parceria com a Acnur surgiu em 2018, quando o projeto “Português para Estrangeiros Imigrantes” chegou ao conhecimento da Agência. A partir disto, a UEA assinou um termo de cooperação para o início das aulas. Além do ensino da Língua Portuguesa, a parceria visa atividades de sensibilização na temática do refúgio e o processo de revalidação de diplomas dos refugiados.

Segundo o Assistente de Soluções Duradouras na Acnur em Manaus, Lucas Nascimento, o projeto tem um papel importantíssimo para fomentar a discussão dentro das universidades. “Para o indígena que vem de outro país, uma universidade que proporciona acesso aos serviços faz total diferença na integração local desse refugiado”, finalizou.

FOTO: Joelma Sanmelo/Ascom UEA

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