24.3 C
Manaus
quinta-feira, março 28, 2024

Pesquisa confirma que mortes violentas são maioria em regiões dominadas pelo tráfico de drogas

Uma pesquisa do curso de Mestrado em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) constatou que há uma relação entre as Mortes Violentas Intencionais (MVI) e o tráfico de drogas. A pesquisa foi realizada em 24 Unidades Federativas no Brasil, entre 2014 e 2015.

Durante a pesquisa documental, o estudante do curso de Mestrado em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos da UEA, Antonio Carlos Barradas Ferreira, concluiu que quanto maior a atividade com drogas maior é a taxa de MVI, conceito retirado do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP (2016), que engloba os homicídios dolosos (quando há a intenção de matar), lesão corporal seguida de morte, latrocínio e policiais mortos fora e durante o serviço.

Na busca dos resultados, houve o uso de correlação linear entre algumas variáveis, que revelaram significância estatística, são elas: Variação bienal do efetivo da Polícia Militar (PM), Variação bienal das Mortes Violentas Intencionais (MVI), Variação bienal da taxa de apreensão de drogas (por tráfico, posse ou uso) e Variação bienal das taxas de porte ilegal de arma de fogo.

Os dados também apontam que quanto maior o efetivo de policiais militares (PM) menor é a taxa desses homicídios, mas o pesquisador lembra que isso seria uma provável consequência da redução da atividade com drogas, bem como da taxa de porte ilegal de armas, com base na inferência estatística realizada. Apesar disso, mesmo o Estado aumentando o efetivo da PM e, estrategicamente, diminuindo a taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI), o atual cenário social abre espaço para o surgimento de novos criminosos, uma vez que foi constatada uma relativa ineficácia na inibição de novas práticas criminosas frente à atuação do Estado. A pesquisa foi realizada considerando os anos de 2014 e 2015.

Entre as 24 Unidades Federativas que tiveram os dados analisados na pesquisa: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins, o Estado do Amazonas também estava incluso e obteve o mesmo diagnóstico nesse comportamento.

O pesquisador ressalta que a consolidação da atividade criminal estabelece um “modus operandi” peculiar de seus defensores – que é produto de um sistema de dominação do mercado – caracterizado pela disseminação do terror e da violência social. “Há uma linearidade no comportamento e mensagem do criminoso. Independente da realidade de cada Estado, a maneira como o bandido responde à atividade com droga é de forma violenta. Isso dá um caráter geral a esse comportamento”, destacou Barradas.

NUPEP

A pesquisa foi realizada no Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas e Planejamento Governamental (NUPEP) da UEA. Criado há sete anos, o NUPEP é o núcleo de pesquisa mais antigo da Escola Superior de Ciências sociais (ESO). As atividades reúnem pesquisadores das áreas de Administração, Engenharia, Arquitetura e Economia, além de professores do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Amazonas (IFAM), da Universidade de Erasmus (Holanda), da Universidade da Catalunya (Espanha) e da Universidade de Melbourne (Austrália). Atualmente, o Núcleo possui 14 pesquisadores de diferentes instituições, onde são desenvolvidas seis dissertações de mestrado, 15 trabalhos de conclusão de graduação e oito de iniciações científicas.

O professor da UEA e coordenador do núcleo, André Zogahib, ressaltou que o principal foco do grupo é o desenvolvimento de pesquisas que envolvem segurança pública, meio ambiente, planejamento urbano desenvolvimento regional. “Além de questões aplicadas, como nesse caso, nós também discutimos muita teoria porque queremos apresentar novidades para nossos alunos de mestrado, doutorado e de iniciação científica. A nossa ideia é fazer com que essas discussões transformem-se em artigos para que isso repercuta na sociedade”, destacou Zogahib.

Fotos: Joema Sanmelo.

spot_img

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui