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quinta-feira, março 28, 2024

Pesquisador que utiliza “barriga de aluguel” para reprodução de peixes em perigo de extinção abre simpósio em Manaus

O pesquisador japonês Goro Yoshizaki foi o conferencista de abertura do Simpósio Internacional sobre Fisiologia da Reprodução de Peixes, que começou nesta segunda-feira, dia 4, em Manaus e segue até a sexta-feira, dia 8, no Tropical Hotel. Autoridade mundial na área com sua técnica de criopreservação (congelamento de células germinativas de peixes em nitrogênio líquido) Yoshizaki foi ouvido atentamente por uma plateia composta por cientistas de mais de 20 países.

Goro Yoshizaki enfatizou a importância de sua técnica para a preservação de espécies em perigo de extinção ao redor do mundo. A tecnologia apresentada pelo cientista consiste em congelar células germinativas de peixes em nitrogênio líquido para posteriormente transplantar esses gametas funcionais em outras espécies que atuam como “barriga de aluguel”.

Com a técnica, Yoshizaki já conseguiu, por exemplo, que trutas gerassem alevinos de salmão e vice-versa. “O salmão do Pacífico morre logo após seu primeiro ciclo reprodutivo. Já a Truta não. Então, podemos fazer as trutas gerarem salmão ano após ano”, explicou o pesquisador.

Uma das propostas do cientista é que se crie um banco de dados genético com peixes de todas as partes do mundo, congelando células-tronco germinativas em nitrogênio líquido. Salvando, inclusive, diversas espécies ao redor do mundo da extinção.

“Não conheço profundamente a realidade amazônica, mas sei que há poluição em rios e isso leva muitas espécies ao risco de extinção. Com a minha técnica, podemos congelar células germinativas dessas espécies e, quando o meio ambiente for recuperado, podemos reintroduzir as espécies”, propôs, lembrando que, no caso de poluição de cursos d’água, a recuperação leva muito tempo.

Yoshizaki também vislumbra outra possibilidade amazônica de adaptação de sua técnica. “No Japão, importamos muitos peixes ornamentais daqui. Isso também pode levar as espécies a risco. Com essa tecnologia, podemos utilizar espécies menos valiosas e procuradas para gerar alevinos das espécies mais valorizadas e procuradas”, exemplificou o pesquisador japonês.

ABERTURA

A cerimônia de abertura oficial do evento teve a presença do coordenador local e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Luiz Renato França, que também é o coordenador geral do Simpósio; do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Réne Levy Aguiar; do pesquisador português Adelino Canário, um dos coordenadores internacionais do evento; e do pesquisador holandês Rudger Shculz.

Luiz Renato França ressaltou o fato de ser a primeira vez que o simpósio é realizado na América Latina. “Estamos na maior bacia hidrográfica do planeta e temos 30 mil espécies de peixes na Amazônia. Isso por si só já mostra a dimensão da importância desse evento para a região. As maiores autoridades mundiais na área estão aqui. Isso é uma oportunidade única”, disse, lembrando que o Simpósio Internacional sobre Fisiologia da Reprodução de Peixes acontece de quatro em quatro anos há mais de 40 anos e, por isso, é chamado de “A Copa do Mundo da reprodução de peixes”.

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