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quinta-feira, março 28, 2024

Prefeitura intensifica ações para detecção de novos casos de hanseníase

Com a redução na identificação de casos de hanseníase no período de pandemia da Covid-19 na capital amazonense, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), vem intensificando as ações de vigilância para a detecção de novos casos, com a oferta de exames de pele aos usuários que procuram as unidades de saúde.

A chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Ingrid Simone Alves dos Santos, explica que, conforme dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net), Manaus registrou uma redução de 51,6% na identificação de casos entre janeiro e abril de 2021, com 17 notificações da doença, comparado com o mesmo período de 2020.

“A partir desse dado, os serviços de saúde estão intensificando a busca ativa de casos novos, já que a redução pode representar uma possível subnotificação da doença no município de Manaus, resultado da baixa procura da população por exames nas unidades de saúde durante a pandemia da Covid-19”, explica Ingrid Santos.

A identificação de casos de hanseníase é feita pelo exame de pele e de nervos, avaliando sinais e sintomas, que na fase inicial da doença são caracterizados por lesões na pele que causam diminuição ou ausência de sensibilidade ou lesões dormentes, além de edema de mãos e pés, febre, dor na articulação, entupimento e ressecamento do nariz, ressecamento dos olhos, nódulos dolorosos, mal-estar geral, dor ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés e a diminuição ou perda de força nos músculos, principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores.

“A detecção precoce dos sintomas da hanseníase é essencial para evitar que a doença cause lesões irreversíveis. Em 2020, dos 72 novos casos de hanseníase avaliados no município, 63,24% dos pacientes já apresentavam algum grau de incapacidade no momento do diagnóstico da doença”, alertou Ingrid Santos.

Os primeiros sintomas de hanseníase podem surgir entre dois e sete anos após o contágio da doença, que é causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae). A transmissão ocorre por contato, familiar ou social, íntimo e prolongado com pessoa doente que está eliminando o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros.

O diagnóstico é clínico, epidemiológico ou laboratorial. A hanseníase tem cura, com um tratamento que dura de seis meses até 24 meses. As medicações são distribuídas de forma gratuita e disponibilizadas para o paciente na unidade em que faz acompanhamento.

Ingrid Santos lembra que o paciente já deixa de transmitir a doença após a primeira dose da medicação. “Esse é mais um motivo para que o paciente com sintomas procure uma unidade de saúde para ter o diagnóstico e iniciar o tratamento, reduzindo as chances de transmissão da doença. As unidades de saúde adotaram uma série de medidas para evitar a exposição ao novo coronavírus e estão oferecendo o exame de pele”, afirmou a enfermeira.

A partir da identificação de suspeita de novos casos, os profissionais das unidades de saúde fazem o acompanhamento do paciente por meio de uma equipe multiprofissional, do fechamento do diagnóstico ao final do tratamento, assim como a realização do exame de pele dos contatos sociais e familiares, que também serão acompanhados por um período de aproximadamente cinco anos.

“Como os contatos sociais e familiares do paciente podem levar anos para desenvolver a doença, o acompanhamento por cinco anos é recomendado para que haja a detecção precoce da doença e quebra da cadeia de transmissão”, esclareceu Ingrid.

Segundo a enfermeira, o município tem alcançado resultados positivos na cura dos pacientes, apresentando um índice de 95,65% no ano de 2019 e de 94,59% em 2020, acima da meta de 90% preconizada pelo Ministério da Saúde.

No que se refere ao abandono do tratamento, o município registrava no ano de 2019 uma taxa de 1,74%, o que significou um decréscimo quando comparado aos anos anteriores a 2017, quando a taxa alcançou 10,07%. No entanto, em 2020, a taxa de abandono atingiu 3,60%, e em 2021 se encontra em 3,16%, o que também pode ser considerado um reflexo da pandemia da Covid-19, com os pacientes não mantendo o acompanhamento nas Unidades de Saúde.

“A taxa atual de abandono ainda é considerada dentro dos parâmetros do Ministério da Saúde. E a Semsa vem trabalhando para melhorar os indicadores com a intensificação das ações”, garante Ingrid Santos.

As ações, determinadas pelo prefeito David Almeida e executadas pela Semsa incluem visitas domiciliares aos pacientes faltosos que se encontram em vulnerabilidade social; atendimento médico especializado de dermatologia e de enfermagem; entrega e administração de medicações supervisionadas; exames de baciloscopia de linfa; coleta de biópsia e Avaliação da Prevenção de Incapacidade; viabilizar, quando necessário e de acordo com a avaliação da equipe de saúde, a logística para o deslocamento dos pacientes e dos contatos do domicílio até a unidade de saúde; e a adoção da estratégia de integração com a equipe de Consultório na Rua para reforçar as buscas dos pacientes de hanseníase.

Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa

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