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quinta-feira, março 28, 2024

Professores da rede pública estadual driblam desafios e elaboram projetos extraclasses para incentivar estudantes

No dia 15 de outubro é celebrado o Dia dos Professores. Na rede estadual de ensino do Amazonas são mais de 30 mil profissionais trabalhando por uma educação melhor no estado. Na missão do ensino público, muitos professores buscam alternativas de ensino e criam projetos dentro e fora das salas de aula, com o objetivo de melhorar a aprendizagem de milhares de jovens.

Mais que uma aula extraclasse, um método de aprender diferente. É seguindo esse pensamento que boa parte dos professores da rede pública desenvolve projetos que facilitam a aprendizagem dos alunos. Inovar diante das possibilidades é o lema de professores como Marta Helena Alves, da Escola Estadual de Tempo Integral Professora Lecita Fonseca Ramos. Observando a dificuldade dos alunos em Química, a professora achou uma maneira prática e divertida de ensinar.

“Foi no meu dia a dia nas aulas de Química, e fazendo uma pequena revisão durante o início do ano, que percebi que os alunos tinham um pouco de dificuldade de entender a importância da Química, a presença dela no cotidiano em que eles estão inseridos, fazer essa relação. Eu, então, propus para eles sairmos um pouco do ambiente de sala de aula e prepararmos um suco detox”, conta a professora.

Na atividade, os alunos investigam as receitas, ingredientes – que são retirados da horta orgânica da própria escola -, além do modo de preparo. Na aula, eles misturam a Química com o simples ato de produzir um suco.

“A professora Marta Helena trouxe uma proposta bem inovadora, porque pelo menos no segundo ano o ensino da Química é complexo, envolve muitos cálculos, muitas fórmulas, e trazer a Química através da alimentação, que é algo que nós fazemos todos os dias, e o principal, ter hábitos saudáveis de alimentação, faz com que os alunos se interessem pela matéria de outra forma”, afirma o estudante Caio Nascimento, de 18 anos.

Matemática – No bairro Alfredo Nascimento, na zona Norte de Manaus, a professora Erilda de Oliveira orientou um projeto para cerca de 140 alunos. O ‘Supermercado na Escola’ chegou na E.E. Wilma Vitoriano Geber com o intuito de melhorar a relação dos alunos com a temida Matemática.

No projeto, alunos vão a campo, conhecem a estrutura de um supermercado e têm o desafio de montar um estabelecimento dentro da escola, incluindo produtos e se relacionando com clientes. Além, é claro, de treinar operações matemáticas.

“Muitas das vezes o aluno fica enfadado na sala de aula. Quando você o leva para fazer uma pesquisa de campo, ele fala ‘Opa!’. Compreende que o que ele aprende na sala de aula vai servir para utilizar lá fora, na sua casa, na sua convivência, na rua, numa compra ao supermercado. Esse projeto tem um marco principal: levar o aluno ao aprendizado”, destaca a professora Erilda de Oliveira.

Além de desenvolver as habilidades dos alunos, a atividade proporcionou uma parceria da escola com o supermercado varejista do bairro, que apoiou a ação e se disponibilizou a ajudar a escola em novas ações inovadoras voltadas para o empreendedorismo.

Zona rural – A iniciativa de criar projetos para incentivar alunos da rede pública chegou até na zona rural da cidade. Na comunidade do Rosarinho, no município de Manacapuru, a 89 quilômetros de Manaus, a professora Joristelma Queiroz contou como o “Piracema Literário” mudou o cotidiano de crianças e adolescentes que demoram até quatro horas de barco para chegar até a E.E. Nossa Senhora do Rosário.

Há três anos o projeto coloca livros dentro dos barcos que fazem o transporte escolar. No caminho, os alunos escolhem alguma obra para ler e desenvolver atividades ao chegar na escola, como redações, histórias em quadrinhos, desenhos, entre outros.

“O projeto surgiu da necessidade de buscarmos e aproveitarmos o tempo ocioso e ansioso que os alunos têm nas embarcações. E ao desenvolver o projeto voltado para a leitura, o aluno aprende de forma dinâmica e criativa textos maravilhosos. Isso está sendo maravilhosamente bem aceito na escola, tanto pelos professores quanto pelos alunos, porque foi uma forma em que nós buscamos uma escola atrativa, uma escola onde que os alunos tenham prazer de estar, de aprender de forma lúdica, e isso para nós é significante mesmo”, afirma Joristelma Queiroz, que também é gestora da escola.

Resultados – Os três projetos já apresentam resultados dentro e fora da sala de aula. Quem atesta são os próprios alunos. Para o Caio Nascimento, o projeto do Suco Detox influenciou, ainda, nas relações entre professor e aluno.

“O professor, ele passa a criar uma amizade com o aluno, porque não é só aquela relação entre redentor do conhecimento e educando. O aluno passa a ter um pouco mais de vivência com o professor e acabam criando uma amizade e isso estimula o aluno a se interessar mais. Isso é uma prática que leva o aluno ao estudo. Querendo ou não ele vai se sentir influenciado de alguma maneira benéfica”, afirma Caio.

Segundo Jerlisson da Silva, o “Piracema Literário” já rendeu mudanças. As duas horas que demoram a chegar à escola já transformaram a vida do filho de pescadores. “Eu li mais ou menos uns sete livros porque as histórias são um pouco grande. Eu gosto do projeto porque tem várias valorizações, melhora a escrita, a leitura, interpretação de texto e várias outras coisas que são importantes também”, afirmou o estudante.

Reconhecimento – Nesse dia 15 de outubro, mais do que notas altas, ver um aluno interessado nas aulas e visualizando um futuro é, além de tudo, emocionante para muitos profissionais.

“Sinto muito mais ainda motivada de fazer com que esses alunos tirem essa ideia de que a Química é um bicho papão, realmente, e procurem gostar mais dessa área e que cresçam mais profissionais nessa área”, afirma a professora Martha Helena.

“Nós nos sentimos com o dever cumprido, com a missão realizada quando a gente acompanha os alunos dentro das embarcações e sem pedir, sem cobrar, eles pegam os livros e vão lendo. Em contato com a natureza, com um ambiente sadio, eles vão aprendendo de forma mais significativa para eles. Eles precisam entender que a aprendizagem tem que partir deles, nós apenas damos um empurrãozinho. A aprendizagem tem que ser significativa para eles e com eles”, destaca a professora Joristelma Queiroz.

FOTO: Secom

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