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quinta-feira, março 28, 2024

Quando dizer não para as crianças

*Jacqueline N. G. Teixeira

Na agenda sobrecarregada dos pais há cada vez menos espaço para o convívio com os filhos. Como forma de compensação por essa ausência, evitam decepcioná-los impondo regras ou exigindo que as cumpram quando elas já existem. Mas essas compensações podem resultar em problemas.

No dia a dia é comum as crianças reagirem com choros, discussões e birras quando são contrariadas ou não têm seus desejos atendidos. Essas reações muitas vezes assustam os pais, que têm dificuldades em administrá-las e acabam cedendo à pressão exercida pelos filhos.

No entanto, vivenciar experiências de frustação faz parte do processo de crescimento e amadurecimento das crianças. Aprender a esperar o momento certo para comer doces, a chegada do aniversário para ganhar o tão esperado brinquedo, a hora certa para assistir à TV ou jogar videogame e cumprir as regras existentes no convívio familiar e na escola são aprendizados importantes. Todas essas obrigações desenvolvem a tolerância e a capacidade de conviver em grupo, competências necessárias para que a criança seja aceita e não sofra exclusões nos diferentes espaços em que circula fora do ambiente familiar.

Na escola, local de convívio diário, no qual se estabelecem a maioria das relações, os processos acontecem de forma coletiva. É preciso dialogar, negociar e colaborar, exercícios necessários para aquisição da resiliência. Um adulto emocionalmente saudável é resiliente, ou seja, é capaz de lidar com problemas, adaptar-se às mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão em situações difíceis. Essa habilidade é adquirida a partir da infância, por meio das situações vividas e da qualidade dos processos de mediação.

Acolha os desejos da criança, mostrando que a compreende, mas que naquele momento não poderá satisfazê-los. Procure manter a calma e não discutir, ela precisa compreender que você está no controle da situação e que independentemente da forma como reagir, você sabe o que é importante para ela; assim, sua decisão será mantida e despertará no pequeno a necessidade de acomodação de suas frustrações e de reprogramação para novas atitudes diante dos “nãos” que receberá ao longo de sua vida.

*Jacqueline N. G. Teixeira é especialista em Dificuldades de Aprendizagem e coordenadora do Ensino Fundamental Anos Iniciais do Colégio Marista Criciúma (SC).

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