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sexta-feira, março 29, 2024

RDS Piagaçu-Purus recebe maior soltura de peixes-bois da Amazônia

Doze peixes-bois da Amazônia, espécie que está na lista de animais ameaçados de extinção, foram devolvidos à natureza neste fim de semana na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus (a 173 km de Manaus). A ação contou com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), e faz parte do Programa de Reintrodução de Peixes-bois do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC).

A atividade de reintrodução, que já devolveu aos rios da região amazônica mais de 30 animais que foram vítimas da caça ilegal, é executada pela Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que atua há 18 anos na conservação dos mamíferos aquáticos da Amazônia.

Segundo a coordenadora do Projeto, a pesquisadora do Inpa, Vera da Silva, a devolução dos animais é uma das etapas mais importantes para o projeto. “A reintrodução dos peixes-bois para a natureza nos mostra que conseguimos concluir com os objetivos de resgatar, reabilitar e devolver esses animais, que estão ameaçados de extinção, à natureza”, explicou.

O responsável pelo Programa de Reintrodução, Diogo de Souza, enfatizou o fundamental apoio da comunidade nessa etapa. “Sem o apoio da comunidade a gente não faria nada. Eles são de extrema importância para o sucesso do projeto. São eles que fazem o monitoramento por telemetria dos peixes-bois que recebem o cinto com o transmissor e conseguem coletar dados que ajudam na pesquisa para conservação”, disse o biólogo, lembrando que são ex-caçadores de peixes-bois que realizam, hoje em dia, o monitoramento dos animais.

Trabalho de conscientização – O gestor da Unidade de Conservação pela Sema, Cristiano Neves, ressaltou que a escolha da RDS Piagaçu-Purus é resultado de um trabalho sólido de conscientização com as comunidades. “A RDS é referência no manejo de pirarucus, seguindo toda a legislação necessária, e por esta consciência e responsabilidade com o meio ambiente foi escolhida para a soltura dos peixes-bois. A atividade envolve toda a comunidade, desde os adultos que são monitores às crianças que participam de oficinas de educação ambiental”, destacou.

A reintrodução de peixes-bois da Amazônia recebe o apoio do Projeto Museu na Floresta, Universidade de Kyoto, do Aquário de São Paulo e da Sema.

Batismo do peixe-boi – Um dos 12 peixes-bois escolhidos para voltar para casa ainda não tinha nome, o número #183, como era chamado pela equipe do projeto, ganhou um nome indígena durante a campanha “Peixe-boi sem nome não tem graça”. O nome escolhido foi “Iberaba”, que significa “o brilho da água”.

A atividade de Educação Ambiental foi realizada na Escola Municipal Bom Jardim na comunidade do Cuianã, local próximo ao que os animais foram soltos. Para a educadora ambiental do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, Jamylle de Souza, a ação fortalece o protagonismo dos comunitários ao que diz respeito às responsabilidades de manter o ambiente aquático saudável e também para alertar a importância da espécie para os ecossistemas aquáticos.

“As ações educativas, especialmente com gestores, docentes e outros atores locais, motivam os jovens e crianças a atuarem em prol da conservação, principalmente dos peixes-bois que possuíam um forte histórico de caça localmente”, comentou a bióloga, completando que quando os jovens se sentem valorizados acabam se envolvendo mais nas atividades.

FOTO: RICARDO OLIVEIRA/SEMA

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