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terça-feira, dezembro 5, 2023

Relatório Revela a dura realidade de 765 defensoras da Amazônia Brasileira

Estudo do Instituto Igarapé destaca a violência sofrida por ativistas ambientais e de direitos humanos na última década.

O Instituto Igarapé divulgou um relatório contundente que ilumina a sombria realidade enfrentada pelas defensoras dos direitos humanos e do meio ambiente na Amazônia brasileira. Com um registro alarmante de 765 casos de violência nos últimos 10 anos, incluindo 36 assassinatos, a pesquisa oferece uma voz crucial para as mulheres na linha de frente da batalha pela preservação da Amazônia e seus povos.

A pesquisa, embasada em dados coletados junto à Comissão Pastoral da Terra (CPT) e ao projeto Tierras de Resistentes, detalha uma série de agressões que incluem intimidação, prisão e tentativas de homicídio. Os incidentes, frequentemente associados a conflitos territoriais, são predominantemente provocados por grileiros e fazendeiros, com uma concentração alarmante de casos nos estados do Pará, Maranhão e Rondônia.

O estudo não apenas expõe a extensão da violência contra essas defensoras, mas também critica a falta de reconhecimento e documentação adequados de suas contribuições e dos perigos que enfrentam. “Essas mulheres são frequentemente invisibilizadas, suas lideranças são silenciadas,” enfatiza Melina Risso, diretora de pesquisa do Instituto Igarapé. “A violência que elas sofrem é multifacetada, reforçada pela desigualdade de gênero e os desafios de se opor aos papéis tradicionalmente impostos às mulheres.”

A pesquisa “Somos Vitórias-Régias”, apresentada na Cúpula da Amazônia, revelou que mais da metade das defensoras brasileiras entrevistadas sofreram algum tipo de violência entre 2021 e 2022. O relatório atual busca aprofundar o entendimento sobre essas experiências, utilizando uma metodologia participativa que inclui entrevistas detalhadas com 23 defensoras e um grupo focal com outras oito, todas conduzidas por defensoras previamente treinadas pelo Igarapé.

As recomendações destacadas pelas ativistas vão desde o fortalecimento dos serviços de segurança e saúde nas comunidades indígenas e rurais, até a regularização fundiária e ambiental. Elas também solicitam melhorias nas investigações de denúncias e na resposta aos crimes, além da criação de incentivos para grupos e organizações de mulheres.

Depoimentos emocionantes e contundentes das entrevistadas descrevem a realidade brutal que enfrentam, abrangendo desde a troca de crianças por favores até a violência sexual. Essas narrativas sublinham a urgência de se escutar e agir em prol das defensoras da Amazônia.

Sobre o Instituto Igarapé:

O Instituto Igarapé é reconhecido por seu trabalho dedicado à promoção da segurança pública, digital e climática, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Com sede no Rio de Janeiro, o instituto se posiciona como uma referência no desenvolvimento de pesquisas e estratégias para enfrentar desafios globais, impactando políticas públicas e corporativas de forma significativa.

Conclusão:

A pesquisa do Instituto Igarapé ressalta uma realidade inegável: proteger a Amazônia requer não apenas a preservação de sua biodiversidade, mas também a garantia da segurança e do reconhecimento das mulheres que arriscam suas vidas nessa missão. O relatório instiga uma reflexão profunda e demanda ações concretas para proteger as defensoras da Amazônia e suas comunidades, enquanto elas continuam a lutar por um futuro mais justo e sustentável.

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