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quinta-feira, março 28, 2024

Técnica ajuda a superar dores no quadril e evitar a artrose

Estima-se que pelo menos 15 milhões de brasileiros sofram de algum tipo de artrose. Dr. David Gusmão explica como está fazendo uma revolução silenciosa na especialidade ortopédica do quadril

Uma dor chata, incômoda e que dá trabalho para muita gente. A artrose no quadril é um dos grandes problemas que afetam a população adulta, e em especial, os idosos brasileiros. Até os anos 2000, existia apenas um padrão de tratamento: 90% dos pacientes aguardavam o desgaste total da articulação para posteriormente realizar a artroplastia, ou seja, a cirurgia de prótese de quadril.

Porém, essa mudança de paradigma começo com a publicação de um estudo seminal, do professor alemão Reinhold Ganz, sobre a alteração no formato dos ossos do quadril. Essa alteração é chamada de Impacto femoroacetabular e é uma das principais causas da osteoartrose. Esse impacto ocasiona um encaixe imperfeito dos ossos, o qual gera atrito entre eles e pode causar danos irreversíveis à cartilagem.

Foi então que em 2001, o ortopedista especializado em videoartroscopia e cirurgias preservadoras do quadril, Dr. David Gusmão, iniciou um treinamento pioneiro na artroscopia do quadril fazendo pequenos reparos na articulação, e educando seus pacientes no sentido de reduzir movimentos críticos, perder peso e diminuir algumas atividades que causam danos à articulação.

“O que o estudo do professor Ganz revelava era que algumas pessoas tinham alteração de formato no quadril, sutis e pequenas, e que sofriam desgaste acelerado. Observadas na dimensão apenas do raio-x frontal, não eram percebidas. ele então passou a analisar as alterações em três dimensões, colocando-as em movimento e entendendo como elas levavam ao desgaste do quadril”, explica o médico brasileiro.

Através do trabalho do professor alemão Reinhold Ganz, a comunidade ortopédica chega a um grau de compreensão maior do problema. “Anteriormente, a maioria das artroses era descrita como idiopática, isto é, surgia espontaneamente, sem que sua origem fosse conhecida. Após os anos 2000, entrou-se na era moderna da preservação do quadril com estudos e técnicas cirúrgicas para a sustentação dessa nova perspectiva”, revela o especialista.

Agora em 2021, os pacientes podem passar por uma intervenção benéfica que traz uma mudança significativa para suas vidas. “Agora é possível tirar a dor do paciente, aumentar a durabilidade da articulação, e elevar também a amplitude de movimento do quadril, permitindo a pessoa fazer maior esforço físico sem sentir qualquer tipo de incômodo”, destaca Dr. Gusmão.

Segundo o médico, essa descoberta do Impacto femoroacetabular aliada à videoastroscopia revolucionou a especialidade do quadril. “Apesar disso ter acontecido há mais de 20 anos, isso ainda é muito incipiente no universo da medicina, e por essa razão, muitos cirurgiões ainda não estão capacitados a fazer a artroscopia de quadril”, pondera.

Por ter iniciado seus estudos e pesquisas muito cedo, Dr. Gusmão tem ministrado aulas e cursos em dezenas de países como Peru, Argentina, Uruguai, Equador, Colômbia, EUA, Chile, e em todo o Brasil, “treinando médicos no sentido de preservar a cartilagem e prolongar a vida útil da articulação, melhorando a qualidade de vida de quem tem alterações no quadril”.

Hoje tratado como referência nesta área da medicina, Dr. Gusmão reforça o quanto as técnicas atuais podem trazer um conforto para o paciente, além de evitar tantos transtornos e sofrimento. “Temos uma grande oportunidade de mudar o curso da história natural de desgaste da articulação, salvando o quadril de pessoas que talvez precisariam de prótese ou teriam que parar de fazer atividades físicas. Agora, através de um tratamento minimamente invasivo com cirurgias por vídeo, a pessoa consegue manter a sua rotina de movimentos saudável ou sua atividade atlética profissional e possivelmente evitar uma futura prótese de quadril. Tenho pacientes de idades e trajetórias diferentes, mas uma coisa eles têm em comum: o desgaste cessa e suas vidas mudam para melhor após a intervenção”, completa.

Crédito – Foto: Divulgação / MF Press Global

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