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sexta-feira, março 29, 2024

Tocar os bebês – ou não – pode deixar vestígios em seus genes

Quantidade de contato próximo e consolador de cuidadores altera o perfil molecular das crianças

A quantidade de contato próximo e reconfortante entre bebês e seus cuidadores pode afetar as crianças em nível molecular, um efeito detectável quatro anos depois, de acordo com uma nova pesquisa da University of British Columbia e do BC Children’s Hospital Research Institute.

“O estudo mostrou que as crianças que foram mais angustiadas quando bebês, e receberam menos contato físico, tinham um perfil molecular em suas células que estava subdesenvolvido para a idade, apontando para a possibilidade de que elas estavam atrasadas biologicamente”, explica o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Em crianças, um envelhecimento epigenético mais lento pode indicar uma incapacidade de prosperar. Embora as implicações para o desenvolvimento infantil e para a saúde do adulto ainda não tenham sido compreendidas, essa descoberta baseia-se em trabalhos semelhantes em roedores. “Este é o primeiro estudo a mostrar em humanos que o simples ato de tocar o bebê, no início da vida, tem consequências profundamente arraigadas e potencialmente duradouras na expressão genética”, destaca o médico.

O estudo envolveu 94 crianças saudáveis. Os pesquisadores pediram aos pais de bebês de cinco semanas que mantivessem um diário do comportamento de seus bebês (como dormir, chorar ou se alimentar), bem como a duração do cuidado que envolvia o contato físico. Quando as crianças tinham cerca de quatro anos e meio, o DNA delas foi coletado.

A equipe examinou uma modificação bioquímica chamada metilação do DNA, na qual algumas partes do cromossomo são marcadas com pequenas moléculas de carbono e hidrogênio. Essas moléculas atuam como “interruptores dimmer” que ajudam a controlar o quão ativo cada gene é e, portanto, afetam o funcionamento das células.

A extensão da metilação, e onde no DNA isso acontece especificamente, pode ser influenciado por condições externas, especialmente na infância. Esses padrões epigenéticos também mudam de maneiras previsíveis à medida que envelhecemos.

Os cientistas descobriram diferenças de metilação consistentes entre crianças com alto contato físico e crianças com baixo contato em cinco locais específicos de DNA. Dois desses locais se enquadram nos genes: um desempenha um papel no sistema imunológico e o outro está envolvido no metabolismo. No entanto, os efeitos dessas mudanças epigenéticas no desenvolvimento infantil e na saúde ainda não são conhecidos.

“As crianças que experimentaram maior sofrimento e receberam relativamente pouco contato apresentaram uma ‘idade epigenética’ menor que a esperada, quando comparada com a idade real. Tal discrepância tem sido associada a problemas de saúde em vários estudos recentes”, conta Chencinski.

Os pesquisadores planejam acompanhar essas crianças para avaliar se a “imaturidade biológica” detectada terá amplas implicações para a saúde, especialmente para o desenvolvimento psicológico. Se pesquisas adicionais confirmarem este achado inicial, mais uma vez, se evidencia a importância do contato físico, especialmente para crianças com distúrbios.

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