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sexta-feira, março 29, 2024

Tratamento da dor física deve atender aos aspectos emocionais

Quando falamos de dor crônica, aquela que perdura por mais de três meses, geralmente a vida toda sem cura ou com tratamentos paliativos, como as pessoas que desenvolvem neuropatias diabéticas, artrites e artroses, fibromialgia, entre outras doenças, é comum estabelecer a sua relação com fatores emocionais, visto o impacto nos relacionamentos e funções gerados ao longo dos anos em quem é obrigado a conviver com ela.

Como explica o neurocirurgião especialista em dor pela Associação Médica Brasileira (AMB), Dr. Claudio Corrêa, “cada indivíduo pode tolerar e expressar a sua dor física de diferentes maneiras e com diferentes intensidades, o que não diminui a importância da dor de cada um, mas é fato já documentado na literatura médica que, no decorrer de tanto tempo convivendo com uma dor crônica, o indivíduo irá desencadear sintomas de ansiedade, tristeza e depressão, irritabilidade e angústia, diante das crises, que são justificáveis dentro do seu quadro geral. Mas, o inverso também ocorre, ou seja, de situações de grande tensão emocional, como estresse e perdas diversas agirem como gatilho para o desencadeamento de crises dolorosas em pessoas com dor crônica”.

Por isso, e de tão relevante, a dor interfere até mesmo na economia de um país, tanto pelo absenteísmo e baixa produtividade no trabalho quanto pelos gastos para seu tratamento, que deve ser multidisciplinar e multiprofissional, integrando corpo e mente, com reabilitação funcional de todos os aspectos do paciente.

Neste aspecto, Dr. Claudio relata que o Brasil apresenta em diversas regiões centros especializados de dor, públicos e privados, alinhados com as melhores práticas realizadas em países de primeiro mundo, mas falta ainda educar a massa dos serviços e profissionais de saúde, bem como a própria população a respeito do aspecto multifatorial da dor crônica e, portanto, do seu tratamento.

“Essa inter-relação dos fatores emocionais como causa e consequência das crises de dor em pacientes crônicos é fundamental para a melhor condução dos atendimentos pelos médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, assim como pelos próprios pacientes, que aprendem a manejar melhor o seu quadro diante dos acontecimentos que permeiam a sua vida diária. Como resultado, temos menos retorno de consultas e uso do sistema, diminuição de remédios administrados, mais funcionalidade, mais trabalho e rentabilidade, mais felicidade e resgate da qualidade de vida com um todo”, contextualiza.

Do aprimoramento das disciplinas nas faculdades de medicina com foco em dor, passando por campanhas governamentais, a disseminação de informação de forma contínua é o caminho para a melhoria do cenário de atendimento ao paciente crônico e seus desdobramentos.

Por fim, o especialista destaca que o tratamento da dor inerente a qualquer doença é um direito do paciente. “Sentir dor pode ser comum, mas não é normal, por isso é importante pedir ajuda e ser aderente a um tratamento global e efetivo”.

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