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quinta-feira, março 28, 2024

Você sabia que zumbido pode ter relação com o diabetes?

Muitas vezes, o paciente só descobre ser diabético após ida ao otorrino por queixa de zumbido

Tontura e zumbido podem estar relacionados com uma das doenças mais silenciosas e perigosas que existe: o diabetes. Entre pacientes com tontura, a prevalência de diabetes é cerca de 2 vezes maior do que na população brasileira. “Isso porque os altos níveis de açúcar no sangue podem interferir na bomba de sódio e potássio ATPase presente na membrana das células da orelha interna, modificando o potencial endolinfático, ou seja, a concentração adequada de íons sódio e potássio (disfunção eletrolítica ou de eletrólitos que banham o tecido auditivo), necessária para o adequado funcionamento das células da audição e do equilíbrio. Essa seria uma explicação para efeitos a curto prazo”, detalha a especialista Jeanne Oiticica, otorrinolaringologista, otoneurologista e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

A longo prazo, a lesão auditiva pode decorrer de fluxo sanguíneo coclear insuficiente, hipóxia, lesão isquêmica, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial, lesão celular, degeneração de neurônios do sistema auditivo central ou periférico (neuropatia diabética).

Dra. Jeanne conta que os mecanismos pelos quais uma dieta equilibrada pode influenciar tais processos e previnir a tontura e o zumbido incluem o perfil lipídico sanguíneo mais saudável, melhor função endotelial, menor pressão sanguínea, menor inflamação, o que previne o comprometimento vascular e a redução do fluxo sanguíneo coclear.

Além disso os altos níveis de açúcar no sangue podem ter efeito tóxico cerebral (mudança de humor, letargia, confusão, fadiga, fraqueza, amnésia, perda da consciência, em casos extremos até mesmo convulsão) e isso também interfere em áreas responsáveis pela audição e equilíbrio no sistema nervoso central.

Sendo assim, nesses casos, o tratamento da tontura/zumbido está relacionado com o controle do diabetes e dos níveis de açúcar no sangue. “Fazer o diagnóstico precoce também é importante, já que, muitas vezes, o paciente desconhece que tem diabetes e só descobre após ida ao otorrinolaringologista por queixa de tontura e zumbido”, conta Dra. Jeanne.

Exercícios físicos regulares para reduzir a gordura corporal e a resistência à insulina são importantes para o tratamento. Por isso, o acompanhamento multidisciplinar – otorrinolaringologista, endocrinologista e profissional de educação física devem trabalhar juntos para alcançar os resultados satisfatórios e, assim, a melhor qualidade de vida do paciente.

Perfil Dra. Jeanne Oiticica

Médica otorrinolaringologista, formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.

Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.

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